sábado, 16 de outubro de 2010

Olhos

Culpa60

   O que dizer sobre os olhos, não é? São eles que tem muitos dizeres para nós. Tudo o que olhamos nos é relevante, mas então me respondam o motivo de eu prestar atenção na simplicidade, no sorriso de canto de boca, na verdade, no olhar. Será que isso é mesmo relevante? Pois todos os dias vemos as pessoas imaculando as outras por poderem pagar, por poderem usufruir, por poderem. As relevâncias são um peso que não sei se consigo carregar, se ninguém as considera, por qual motivo eu consideraria?

   Dizem que os olhos são o espelho, a porta da alma, não é? Então sinto medo por descobrirem o que realmente sou por trás dos meus olhos. Sinto medo quando olham nos meus olhos, aquele olhar que vasculha seu interior por respostas, mas acaba apenas encontrando mais dúvidas… e poucas respostas. Porém, são essas poucas respostas que montam quebra-cabeças, os quais eu luto para destruir as peças.

   Quem sabe um dia não poderei apenas ver ao invés de olhar. Fecho os olhos para ouvir o silêncio, É como estar em um lugar distante, entretanto, estando sentado na cadeira que estás agora. Os olhos tem poderes, espero um dia poder usá-los de forma absoluta e de completo controle. Pois é cansativo de ser interrompido enquanto sua imaginação trabalha como um trem esbaforido, o qual clama e pede por mais e mais carvão a ser consumido pelas chamas que são a reflexão da conturbação dos olhos.

   Se, por um acaso, ainda puderes me enxergar, peço que me conte, pois ser visto é detalhe, já ser olhado por você, pra mim, é condição vital. Não me deixe de contar o que você vê por seus olhos, à sua maneira.

   Penso que devo acordar e parar de escrever, parar de sonhar, parar de imaginar, parar de olhar, mas nunca parar de acreditar. Believe.

Não gostou? Culpe-me

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pessoas

   A observação sempre me ajudou ao, pelo menos tentar, entender as pessoas. Mas parece que a cada minuto que passa eu menos quero entendê-las. A cada segundo que passa eu mergulho mais e mais nas profundezas do meu entender, mas o fato de me aprofundar cada vez mais me deixa sem oxigênio para continuar a tentar enxergar um pouco que seja a mais. São os segundos que destroem momentos que poderiam ser incríveis, porém, as pessoas, pelo menos a maioria, parecem ter como objetivo principal a destruição do bonito, do inigualável, do precioso. E é isso que me deixa transtornado ao pensar que tudo poderia ser tão mais fácil. Enquanto alguém pena para conseguir alcançar sua meta mais simplória, outro possui o prazer, nada mais explica senão o prazer, de destruir os sonhos dos outros.

Pessoas,1   Nada mais é como supostamente seria se tivessemos nos apoiado uns aos outros, mas a incredulidade de umas pessoas se torna tão angustiante que chega a nausear. Imagine como seria se pudessemos conversar com as pessoas, com todas elas, e não só com aquela pessoa que se torna especial apenas por nos ouvir. As pessoas que ouvem se tornam especiais, mas eu sempre me pergunto: “Será que essa pessoa me entende, realmente?” Especial não é saber ouvir, é saber entender. É raro achar alguém que te entenda pelo olhar, pela respiração, pelos mais singelos gestos, que lhe entenda por ser quem você é.

   Não canso de dizer que sou chato, mas é a chatisse que me caracteriza. Mas me responda: Quem você é, afinal? O que lhe caracteriza? Todos temos algo que enfatiza o nosso ser, não o físico, mas sim algo que é impossível tocar, mas é claramente sentido por quem se importa com você. Faça-se sentir. Faça-se notar. Faça-se ser quem realmente se esconde por dentre a escuridão que se forma ao seu redor.

   Quando pessoas, pessoas de mentira, as que não sabem seu nome, perceberem o quão valioso é receber um “Oi!”, ou até mesmo um “oi”. É praticamente impossível descrever com palavras a sensação do invisível. Ser invisível, pra mim, já foi bom. Percebo agora que ser notado é uma necessidade humana. Então sejamos todos pessoas de verdade e vamos aceitar os nossos erros para podermos corrigi-los. Agora uma última pergunta: Quem errou?

   Seja uma pessoa. Seja quem está por trás das lentes que bloqueiam o seu Ser. Seja você.

Não gostou? Culpe-me.

domingo, 3 de outubro de 2010

Chuva

   Aquela que cai sem medo de quebrar. A qual nos atinge e nos faz sentir o quão pequenos somos. Se você se acha o maioral, vá para a rua e pegue chuva, pode ser até mesmo uma garoa. Fique sob ela por singelos cinco minutos e depois me diga se você pode abatê-la. Se conseguires, peço que NÃO me ensine, pois ser derrotado, algumas vezes, é melhor do que a vitória. É com ela que aprendemos sobre as pessoas, sobre a tamanha traição das pessoas quando o principal objetivo delas é vender. Queria saber aonde fica a amizade nessas horas.

   É na chuva que podemos pensar sobre as mais rápidas, melhores, cautelosas, e objetivas escolhas que podemos tomar nas nossas vidas. Sob a chuva estamos expostos a qualquer situação, pois estamos focados nos nossos pensamentos, não percebemos o que está a nossa volta. Os pensamentos mais conturbados nos afligem quando os encaramos, mas o que seriaCulpa51 de nós sem encarar pensamentos? Poderíamos ser apenas corpos sem decisões, opiniões ou visões de mundo. Sem a visão da chuva que cai sobre nossos cílios e nos faz piscar para poder focar nossa visão. Sem o cabresto para tomarmos as nossas decisões.

   Se você sair da sua residência desprevinido e de um segundo pro outro começa a cair do céu, desde minúsculas partículas de água até mesmo gotas mais parecidas com blocos de concreto quando se chocam contra sua cabeça, não lamente. Olhe pra cima e sorria,  e até quem sabe chore. Use, caso se acanhe, as gotas que correm por sua face como desculpa, pois elas rolarão pelo seu rosto tão facilmente quanto suas lágrimas que sairão por seus olhos.

   Quando a chuva vem, você pode ficar desanimado, abatido, mas pense nas outras pessoas que nesse momento estão se beneficiando deste acontecimento. Quando o sol vem, você fica feliz, não é? Então pense: Se não houvesse a chuva para amenizar sua felicidade, a que grau estaria sua felicidade agora? Pois é só depois da chuva que vem o sol para poder te alegrar. Então apenas sorria e não se aborreça.

   Não gostou? Culpe-me.