Eu sempre fui um cara daqueles que ajudava todo mundo. Tinha muitos amigos, e por eles tudo fazia. Porém, sempre gostei de ter alguns momentos só para mim. Para poder colocar em dia minha paz de espírito, refletir. Jamais negava ajuda, companhia, o que fosse que precisassem, sempre estava eu ali, apto a ajudar.
Mas aqueles meus tão necessários momentos de solidão, faziam de mim perante as pessoas que eu amava, um cara egoísta. Meus momentos de reflexão para eles não passavam de egoísmo. E assim fui sendo deixado de lado. Me deixaram para trás porque eu precisava de mim mesmo. E na minha solidão imposta, veio a depressão. Não tinha mais a quem recorrer. Eu, que sempre havia ajudado e feito companhia a quem precisasse, hoje estava aqui. Solitário. Isolado. Só!
E foi então que me senti ainda mais inútil. Minha depressão já havia tomado conta de mim. Não havia mais o que fazer.Foi então que transformei o vidro em pó. Sim, fiz do vidro o pó que me alimentaria dentro de algumas horas. Ingeri o pó de vidro. Passaram algumas horas e eu não me aguentava mais de dor. Meus órgãos estavam todos perfurados, corroídos, arranhados pelo vidro.
Não havia mais o que fazer.
No auge da minha solidão egoísta. Meu calibre 38 resolveu se fazer presente. Com um único disparo. Tornei-me egoísta. Sim, resolvi aceitar o meu egoísmo e acabar com tudo aquilo.
Um tiro. E o provei pra mim mesmo o quanto era egoísta! Tirando de mim que única coisa que eu ainda possuía.
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